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Qual a Chance Disso Acontecer? Entenda Probabilidade na Prática

Probabilidade
Aprenda de forma simples o que é probabilidade na segurança do trabalho.

Olá pessoal! Aqui é o Herbert Bento. Para quem não me conhece, eu vivo o mundo da segurança do trabalho desde 2009, e hoje vamos bater um papo reto sobre uma palavra que pode parecer complicada, mas que é uma das mais importantes para a gente voltar para casa em segurança todos os dias: probabilidade.

Agora, esqueça a matemática da escola, esqueça fórmulas difíceis.

Vamos pensar na probabilidade de um jeito muito simples.

Imaginem que vocês precisam atravessar uma avenida muito movimentada. O perigo são os carros, certo? Se vocês fecharem os olhos e saírem correndo, qual a probabilidade de algo dar errado?

Altíssima, não é?

Agora, se vocês andarem até a faixa de pedestres, esperarem o sinal de pedestres ficar verde e olharem para os dois lados antes de atravessar, a probabilidade de serem atingidos por um carro diminui drasticamente.

E se, nessa avenida, tiver uma passarela e vocês a usarem para atravessar por cima dos carros? A probabilidade de um acidente com um carro se torna praticamente zero.

Estão vendo?

A probabilidade é, simplesmente, a chance de um acidente acontecer. E essa chance não é sorte ou azar! Ela depende diretamente do que a gente faz para se proteger. Depende dos nossos “escudos” de segurança.

“Mas nunca aconteceu nada aqui!”

Esse é o pensamento mais perigoso que existe na segurança do trabalho. É o mesmo que dizer: “Eu atravessei a avenida correndo ontem e não aconteceu nada, então a probabilidade de ser atropelado é baixa”.

Isso não faz o menor sentido! O fato de não ter acontecido um acidente ontem não muda em nada o perigo que os carros representam hoje.

No nosso trabalho é a mesma coisa.

Podemos operar uma máquina sem a proteção adequada por anos. Aí, um dia, uma pequena distração, um movimento diferente, e o acidente que “nunca ia acontecer” acontece.

A probabilidade do acidente sempre esteve ali, alta, porque o “escudo” de proteção (a guarda da máquina, por exemplo) não estava no lugar.

A nova Norma Regulamentadora nº 1 (NR 1) veio para reforçar exatamente isso.

Ela nos obriga a olhar para a probabilidade do jeito certo: não com base no que já aconteceu, mas sim na qualidade das nossas barreiras de proteção.

Nossos “Escudos”: como a gente diminui a probabilidade?

Pensem nos nossos procedimentos de segurança e nos EPIs como diferentes tipos de escudos.

lguns são de madeira, outros de aço, e alguns são verdadeiras muralhas.

  1. O escudo mais forte de todos: eliminar o risco. Este é o melhor cenário. É como se, em vez de atravessar a avenida, a gente construísse um túnel por baixo dela. O perigo (os carros) simplesmente não existe mais no nosso caminho. No trabalho, um exemplo seria substituir um produto químico perigoso por outro que não faz mal à saúde. Se conseguimos fazer isso, a probabilidade de alguém passar mal por causa daquele produto vira zero.
  2. O escudo de aço: proteção coletiva (EPC) Se não dá pra eliminar o perigo, a gente cria uma barreira física. É a nossa passarela sobre a avenida. No trabalho, isso é um guarda-corpo em um lugar alto para ninguém cair, ou a proteção fixa de uma máquina que impede que nossa mão entre onde não deve. Esses escudos são ótimos porque protegem todo mundo, o tempo todo, sem depender de uma ação da pessoa. A probabilidade de um acidente diminui muito quando temos um EPC bom e bem conservado.
  3. O escudo que depende de nós: controles e treinamento Aqui, o escudo é o nosso conhecimento. É saber olhar para os dois lados antes de atravessar a rua. No trabalho, é fazer um treinamento para operar uma empilhadeira do jeito certo, é seguir o procedimento de travar e etiquetar uma máquina antes da manutenção (o famoso LOTO), é saber a postura correta para levantar um peso. Esse escudo é forte, mas depende 100% da gente. Se a gente relaxa ou tenta pegar um atalho, o escudo some e a probabilidade do acidente dispara.
  4. A última linha de defesa: o EPI Este é o nosso Equipamento de Proteção Individual. É o capacete, o óculos, a luva, o protetor auricular. Pensem no EPI como um capacete de ciclista. Ele não impede o ciclista de cair da bicicleta, mas diminui muito a chance de um ferimento grave na cabeça se ele cair. O EPI é fundamental, mas ele é o último escudo. Ele só entra em ação quando todos os outros escudos não foram suficientes para controlar o perigo. Usar o protetor auricular é essencial perto de uma máquina barulhenta, mas a probabilidade de ter um problema de audição seria ainda menor se a própria máquina fosse silenciosa (eliminação do risco) ou se ela estivesse dentro de uma cabine acústica (proteção coletiva).

Então, o que a gente faz com essa tal de probabilidade?

A empresa deve olhar para cada tarefa que fazemos e se perguntar:

  • Qual é o perigo aqui? (Ex: Piso escorregadio, ruído alto, poeira, uma peça que pode cair).
  • Se o acidente acontecer, qual a gravidade? (Pode ser um arranhão ou algo muito sério).
  • Quais são nossos “escudos” de proteção para esse perigo? Eles são bons? Estão funcionando?
  • Com base nesses escudos, qual é a probabilidade real do acidente acontecer?

Se a conclusão for que a probabilidade ainda é média ou alta, a gente tem que agir! Precisamos pensar em escudos melhores e mais fortes para diminuir essa chance.

E aqui entra o papel de cada um de vocês.

Vocês estão na linha de frente, fazendo o trabalho acontecer. Ninguém conhece os riscos do dia a dia melhor do que vocês.

  • Viu um “escudo” quebrado? Um guarda-corpo frouxo, uma proteção de máquina que foi retirada, um piso que está sempre molhado? Avise imediatamente seu líder ou a segurança do trabalho! Não pense “alguém vai ver”. Aquele escudo quebrado significa que a probabilidade de um acidente aumentou para você e para seus colegas.
  • Tem uma ideia para um “escudo” melhor? Pensou em um jeito mais fácil e seguro de fazer uma tarefa? Sugira! Muitas das melhores soluções de segurança vêm de quem põe a mão na massa.
  • Use seus escudos corretamente! Não pule etapas do procedimento porque está com pressa. Não deixe de usar o EPI porque “é só por um minutinho”. Cada atalho que você pega é um buraco que você abre no seu escudo de proteção, aumentando a probabilidade de se machucar.

Entender a probabilidade é entender que segurança não é um jogo de sorte. É uma ciência. É sobre construir defesas, escudos, barreiras para que o perigo não nos alcance.

E essa construção é um trabalho de equipe, onde cada um tem a responsabilidade de cuidar dos seus escudos e de apontar as falhas nos escudos coletivos.

Nosso objetivo é que a probabilidade de qualquer acidente grave aqui dentro seja a menor possível, quase zero.

E isso a gente só consegue trabalhando juntos, com os olhos abertos e com o compromisso de fazer o certo, sempre.

Obrigado pela atenção de todos e vamos ter um excelente e seguro dia de trabalho!

Dica de leitura: Fatores Psicossociais na NR-01 seria um erro?

Se gostou do meu conteúdo aqui no DDS Online, conheça também meus Pendrives de Segurança do Trabalho.