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Severidade no PGR: Como Fazer do Jeito Certo

Severidade no PGR
Domine a avaliação de severidade no PGR!

Avaliar riscos no Programa de Gerenciamento de Riscos (PGR) é uma das tarefas mais importantes do profissional de SST. No entanto, um dos primeiros desafios que encontramos é definir corretamente a severidade de um risco.

Muitos profissionais, por falta de um entendimento claro da NR 1, acabam criando critérios equivocados. Isso é um problema sério, pois uma avaliação de severidade errada compromete todo o seu PGR, impede a comprovação de melhorias e ainda pode gerar multas para a empresa.

Vamos descomplicar isso? Neste artigo, vou focar em como acertar na gradação da severidade.

O Que é Severidade, Afinal?

Antes de tudo, vamos lembrar o básico. A NR 1 define risco como a combinação da probabilidade de uma lesão ou agravo à saúde acontecer e da severidade dessa lesão ou agravo.

A severidade, de forma simples, é o tamanho do dano que um perigo pode causar. É a magnitude da consequência. Para avaliar a severidade, você deve pensar no pior cenário possível. Qual é a pior lesão ou doença que aquele perigo específico pode causar ao trabalhador?

Erro #1: Agrupar Perigos Diferentes (O Famoso “Tudo no Mesmo Saco”)

Um erro clássico é não ser específico. A NR 1 pede que a análise seja feita para cada perigo especificamente.

Exemplo errado: Identificar o perigo como “vírus, bactérias e fungos”.

  • Por que está errado? Um vírus pode causar uma gripe, enquanto outro pode levar a uma doença muito mais grave. Cada agente biológico tem um potencial de dano (severidade) diferente e precisa ser avaliado individualmente.

Outro exemplo errado: Identificar o perigo como “posturas inadequadas”.

  • Por que está errado? Ficar com o pescoço torto para olhar um monitor mal posicionado pode causar uma lesão cervical (um tipo de dano). Já dobrar a coluna o dia todo para pegar caixas no chão causa outro tipo de lesão (lombar). Cada postura inadequada é um perigo diferente, com uma consequência (severidade) diferente.

O jeito certo: Seja específico! Individualize cada perigo para conseguir avaliar o dano real que ele pode causar.

Erro #2: Deixar as Medidas de Controle Influenciarem

Este é talvez o erro mais comum. As medidas de controle (EPIs, EPCs, etc.) NÃO alteram a severidade do risco.

A severidade está ligada à natureza do perigo, ou seja, ao dano que ele pode causar em sua forma “bruta”. As medidas de controle não mudam o potencial de dano, elas diminuem a PROBABILIDADE de o dano acontecer.

Exemplo prático: Exposição ao ruído.

  • O Perigo: Ruído elevado.
  • A Severidade: Perda auditiva permanente e outros problemas de saúde. Essa severidade é a mesma, não importa o que aconteça.
  • A Medida de Controle: O uso de um protetor auricular ou o enclausuramento da máquina.
  • O que a medida de controle faz? Ela reduz a chance (probabilidade) de o trabalhador desenvolver a perda auditiva. Mas, se o dano acontecer, ele continua sendo o mesmo: a perda auditiva. A severidade não mudou.

Regra de ouro: Ao graduar a severidade, finja que as medidas de controle não existem. Pense apenas no potencial máximo do dano.

Erro #3: Usar o Histórico (“Nunca Aconteceu, Então não é Grave”)

É uma armadilha pensar: “Ah, ninguém nunca se acidentou com isso aqui, então a severidade é baixa”. Isso está completamente errado.

A severidade não tem a ver com o que já aconteceu, mas sim com o que pode acontecer.

Exemplo: Trabalho em altura a 5 metros do chão. Mesmo que em 10 anos ninguém jamais tenha caído, o potencial de dano de uma queda dessa altura continua sendo o óbito ou uma lesão gravíssima. Portanto, a severidade deve ser classificada como máxima, independentemente do histórico da empresa.

Atenção às Novas Regras da NR 1

A norma foi atualizada para deixar alguns pontos ainda mais claros:

  1. Considere sempre o pior resultado: Se um perigo pode causar desde um arranhão até a morte (como no exemplo do trabalho em altura), você DEVE usar a consequência de maior magnitude (a morte) para definir a severidade.
  2. Número de trabalhadores não define a severidade: Antes, o número de pessoas expostas influenciava a gradação da severidade. Isso mudou. A severidade é a mesma se o perigo afeta 1 ou 100 trabalhadores. Onde o número de trabalhadores entra agora? Ele serve como critério para definir a prioridade das ações no seu plano. Ou seja, um risco que afeta mais gente deve ter sua solução priorizada.

Entender bem a severidade é o primeiro passo para construir um PGR sólido e que realmente protege os trabalhadores.

Quando você domina esse conceito, a avaliação da probabilidade, fica muito mais fácil e lógica. Para aprender sobre probabilidade, leia também: Qual a Chance Disso Acontecer? Entenda Probabilidade na Prática

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