Brigada de Incêndio – Os Guardiões da Nossa Segurança

Opa! Seja bem vindo ao DDS Online. Aqui é o Herbert Bento, fundador do DDS Online e dos Pendrives de Segurança do Trabalho. Hoje vamos falar sobre brigada de incêndio.
Trata-se de um tema que, muitas vezes, só ganha a devida atenção quando é tarde demais.
Imaginem a cena: o alarme dispara. Um cheiro de fumaça começa a se espalhar. As luzes de emergência se acendem e, em meio à confusão e ao medo crescente, um grupo de colegas, de forma calma e organizada, começa a agir.
Eles não correm desesperados. Eles orientam, eles combatem, eles salvam. Esse grupo é a nossa brigada de incêndio.
Muitos podem pensar que a brigada de incêndio é apenas um grupo de pessoas com um colete diferente que se reúne uma vez por ano para um treinamento.
Mas a realidade é muito mais profunda e crucial. Eles são a primeira e, muitas vezes, a mais importante linha de defesa entre um pequeno incidente e uma catástrofe de grandes proporções.
Em uma emergência, os segundos valem vidas, e a atuação de uma brigada de incêndio bem preparada é o que transforma o pânico em um procedimento de segurança, o caos em controle.
O objetivo do nosso diálogo hoje é mergulhar fundo no universo da brigada de incêndio, compreendendo não apenas sua função reativa, mas seu papel fundamental na prevenção, sua estrutura e a responsabilidade imensa que cada membro carrega.
Os 3 pilares da segurança contra incêndio
Para que qualquer edificação, seja nossa empresa, uma indústria ou até mesmo um shopping, seja verdadeiramente segura, três pilares devem estar perfeitamente alinhados. A ausência de um deles compromete toda a estrutura de segurança.
- Equipamentos instalados e adequados: o primeiro pilar é o hardware da nossa segurança. Falamos de extintores de incêndio, hidrantes, mangueiras, sprinklers (chuveiros automáticos), sistemas de alarme e detecção de fumaça, e sinalização de emergência. Esses equipamentos são projetados com base nos riscos específicos do local, no tamanho da área e na quantidade de pessoas que circulam por aqui. Sem eles, não temos as ferramentas para lutar.
- Manutenção rigorosa: de que adianta ter a melhor fechadura do mundo se perdemos a chave? O mesmo vale para os equipamentos de combate a incêndio. Um extintor com a carga vencida, um hidrante sem pressão de água ou um alarme que não dispara são piores do que a ausência deles, pois nos dão uma falsa e perigosa sensação de segurança. A manutenção preventiva e corretiva garante que, no momento da necessidade, nossas ferramentas estarão prontas para o uso. .
- Pessoal Treinado: este é o pilar mais crítico e onde a brigada de incêndio se encaixa. Os equipamentos são apenas objetos inanimados. Eles não funcionam sozinhos. É a mão humana, treinada e confiante, que dá vida a eles. O conhecimento, a calma e a técnica de um brigadista são o que transforma um cilindro vermelho em uma arma eficaz contra o fogo. Podemos ter os equipamentos mais modernos e a manutenção mais impecável, mas sem uma brigada de incêndio competente para operacionalizá-los de forma rápida e eficiente, eles se tornam inúteis. Portanto, a brigada de incêndio não é apenas um pilar; ela é a inteligência e a alma que comanda toda a estrutura de resposta a emergências.
Os diferentes rostos da brigada
Nem toda brigada é igual. Suas responsabilidades podem variar drasticamente dependendo do objetivo principal para o qual foram criadas.

De forma simplificada, podemos classificá-las em três grandes grupos:
- Brigada de incêndio (foco no combate): Esta é a imagem clássica que temos. Composta por colaboradores de diversos setores, sua missão primária é o combate aos princípios de incêndio. Eles são treinados para identificar o tipo de fogo e utilizar os extintores e hidrantes corretos para extinguir as chamas em seu estágio inicial. A agilidade da brigada de incêndio neste cenário é o que impede que uma pequena faísca se torne um incêndio incontrolável antes da chegada do Corpo de Bombeiros.
- Brigada de abandono (foco na evacuação): A missão deste grupo é igualmente vital, mas completamente diferente. Eles não combatem o fogo. Sua responsabilidade é garantir a evacuação segura de todas as pessoas da edificação. São líderes treinados para manter a calma, orientar as pessoas pelas rotas de fuga corretas, verificar salas para garantir que ninguém foi deixado para trás e conduzir todos ao ponto de encontro seguro. Em uma emergência, eles devem sair junto com o público, liderando o caminho.
- Brigada de emergências (a equipe multidisciplinar): este é o modelo mais completo e robusto de uma equipe de resposta. Além de acumular as funções de combate a princípios de incêndio e orientação para abandono de local, esta brigada de incêndio é treinada para lidar com uma gama maior de sinistros. Em locais com riscos específicos, como vazamentos de produtos perigosos – algo que, pela minha formação como Engenheiro Químico, sei que exige um conhecimento muito especializado –, inundações, ou colapsos estruturais, a brigada de emergência tem um papel ainda mais crítico e complexo.
Construindo a equipe certa: seleção e dimensionamento da brigada de incêndio
Formar uma brigada de incêndio de alta performance começa com a seleção criteriosa de seus membros e o dimensionamento correto para as necessidades do local. Não se trata de apenas preencher vagas.
Critérios para seleção dos candidatos:
- Participação voluntária: o brigadista deve querer estar ali. A motivação intrínseca garante proatividade, engajamento nos treinamentos e uma atitude mais séria diante da responsabilidade.
- Permanecer na edificação: o candidato deve passar a maior parte de sua jornada de trabalho dentro da planta da empresa para estar disponível em caso de emergência.
- Robustez física e boa saúde: a função pode ser fisicamente exigente. Carregar equipamentos, locomover-se em ambientes com fumaça e lidar com o estresse físico e mental da situação requerem boa condição de saúde, atestada por exame médico.
- Bom conhecimento das instalações: o brigadista ideal conhece a planta da empresa como a palma da sua mão. Ele sabe a localização de todos os equipamentos de combate, as rotas de fuga, os pontos de corte de energia e gás, e as áreas de maior risco.
- Responsabilidade e alfabetização: ser maior de 18 anos e alfabetizado é fundamental para compreender os procedimentos, ler instruções e preencher relatórios de ocorrência de forma clara.
Dimensionamento:
O número de membros da brigada de incêndio não é aleatório. Ele é calculado com base nas características das instalações e na quantidade de pessoas no local.
Em geral, cada estado da federação possuiu regras próprios para o correto dimensionamento da brigada.
Consulte a IT (instrução técnica) do seu estado para mais informações.
A título de exemplo, no Estado de São Paulo a IT-17 trata do dimensionamento da brigada, do seu treinamento e dá outros direcionamentos.
A importância do treinamento
A capacidade de resposta de uma brigada de incêndio é diretamente proporcional à qualidade e à constância de seu treinamento. Um brigadista sem treinamento adequado pode se tornar um risco para si mesmo e para os outros. O treinamento eficaz é dividido em duas frentes:
- Teoria aprofundada: antes de agir, é preciso compreender. Os membros da brigada de incêndio estudam a teoria do fogo (o famoso tetraedro do fogo: combustível, comburente, calor e reação em cadeia), as classes de incêndio (A, B, C, D e K) para saber qual agente extintor usar, os métodos de extinção (abafamento, resfriamento, isolamento) e as formas de propagação do calor (condução, convecção e radiação). Esse conhecimento teórico é a base para a tomada de decisão rápida e correta sob pressão.
- Prática realista e simulados: a teoria ganha vida na prática. O treinamento deve envolver o manuseio real dos equipamentos. Os brigadistas devem acionar extintores, desenrolar, conectar e operar mangueiras de hidrantes. Além disso, os exercícios simulados são cruciais. Um simulado de emergência, realizado periodicamente, testa todo o sistema: o tempo de resposta da brigada de incêndio, a eficácia do plano de abandono, a comunicação entre a equipe e a identificação de falhas que podem ser corrigidas. É no simulado que o procedimento se torna instintivo, reduzindo o tempo de resposta em uma situação real.
- Primeiros Socorros: incêndios e pânico podem gerar vítimas. Por isso, o treinamento em primeiros socorros é uma competência essencial para todo membro da brigada de incêndio. Saber como agir diante de queimaduras, intoxicação por fumaça, hemorragias ou fraturas, aplicando as técnicas corretas de Atendimento Pré-Hospitalar (APH) enquanto o socorro especializado não chega, pode ser a diferença entre a vida e a morte ou entre uma lesão simples e uma sequela permanente.
A legislação exige uma carga horária mínima para o treinamento inicial e reciclagens periódicas, geralmente anuais. Essa reciclagem não é mera formalidade, mas uma necessidade para manter a equipe afiada, atualizada e sempre pronta para agir.
A Brigada de Incêndio em Ação
O trabalho da brigada de incêndio se divide em dois grandes campos de atuação:
Ações de prevenção:
A melhor emergência é aquela que nunca acontece. A prevenção é a atividade mais nobre da brigada de incêndio.
- Inspeções de segurança regulares para identificar riscos.
- Verificação do estado e da validade de extintores, hidrantes e mangueiras.
- Garantir que as saídas de emergência e rotas de fuga estejam sempre desobstruídas.
- Identificar perigos como fiação elétrica defeituosa ou acúmulo de materiais inflamáveis.
- Orientar os colegas de trabalho sobre práticas seguras.
Ações de reação:
Quando a prevenção falha ou um acidente ocorre, a brigada de incêndio entra em modo reativo.
- Acionar o alarme e, imediatamente, o Corpo de Bombeiros (Ligar 193).
- Se for seguro, iniciar o combate ao princípio de incêndio com os equipamentos disponíveis.
- Orientar e coordenar a evacuação do local com calma e firmeza.
- Prestar os primeiros socorros às vítimas.
- Desligar sistemas elétricos e de gás para evitar a propagação do incêndio.
- Na chegada do Corpo de Bombeiros, fornecer informações precisas sobre a situação, servindo de suporte para a equipe profissional.
Conclusão
Colegas, a brigada de incêndio é muito mais do que um requisito legal. É um pacto de segurança e cuidado mútuo. É a materialização do compromisso da empresa e dos colaboradores com a proteção da vida.

Devemos valorizar, respeitar e apoiar cada membro da nossa brigada de incêndio. Eles dedicam seu tempo e se dispõem a enfrentar o perigo para garantir a segurança de todos nós.
Conhecer quem são, apoiar os treinamentos e, quem sabe, até mesmo se voluntariar para fazer parte dessa equipe, é fortalecer a cultura de prevenção e garantir que estejamos sempre o mais preparados possível para qualquer eventualidade.
Obrigado a todos.
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