Skip to main content

Uso do cinto de segurança para empilhadeira, se eu não usar levo multa? (parte 2)

Esse artigo é o segundo de uma série sobre empilhadeiras desenvolvida pelo colunista Christian Cleber. Não deixe de conferir o primeiro artigo: Empilhadeiras, vocês sabem o que são e para quê servem? Não deixe de conferir o vídeo ao final do artigo, mostrando o tombamento de uma empilhadeira. === Pode parecer piada, mas não é. […]

Esse artigo é o segundo de uma série sobre empilhadeiras desenvolvida pelo colunista Christian Cleber. Não deixe de conferir o primeiro artigo: Empilhadeiras, vocês sabem o que são e para quê servem?

Não deixe de conferir o vídeo ao final do artigo, mostrando o tombamento de uma empilhadeira.

===

Pode parecer piada, mas não é. Lembro que a muito tempo atrás, quando o uso do cinto de segurança passou a ser obrigatório em todo o País, teve um colaborador que na roda de bate-papo entre amigos soltou esta pergunta.

E mesmo sem saber a resposta, todos riram. Naquele tempo o termo Segurança do Trabalho não era abordado ou praticado com tanta seriedade quanto é praticado e abordado hoje.

Ainda mantendo a pergunta em foco, posso dizer que o não uso do cinto de segurança em empilhadeira não gera multa para o operador, mas sim advertência, suspensão e em determinados casos até demissão por justa causa pelo não cumprimento das normas de segurança adotadas pela maior parte das empresas.

O uso do cinto de segurança, é um meio de preservação da integridade física do operador de empilhadeira caso esta venha a sofrer algum tipo de acidente, como por exemplo tombar, colidir com outro veículo ou chocar-se contra um obstáculo. Sendo assim, ele está ligado a vários outros fatores de riscos diversos, onde o principal deles considerando sua gravidade, é o famoso tombamento.

No ato do tombamento, se o operador não estiver usando o cinto, ele pode vir a sofrer o efeito “Ratoeira” que acontece de duas maneiras. A primeira é quando a empilhadeira começa a tombar, e devido ao movimento lateral, a mesma vem a lançar o operador para fora do cockpit. A segunda, é quando o operador se assusta com essa ocorrência e decide pular do cockpit da empilhadeira antes que ela tombe por completo, vindo esta a cair sobre ele prensando-o contra o chão ou outro lugar.

Quase sempre este acidente é fatal, pois o peso da empilhadeira somado ao forte impacto sobre o corpo, levam a vítima a óbito por esmagamento. A parte mais afetada geralmente é o tronco, mas em outros casos, há o esmagamento da cabeça, quebra da coluna cervical e outras partes do corpo que quando não levam a óbito, deixam sequelas que acompanharão o acidentado pelo resto da vida.

Quais procedimentos são necessários para evitar o tombamento de uma empilhadeira?

Para responder esta pergunta, primeiramente você tem que entender que a empilhadeira assim como qualquer outro veículo automotor, pode se tornar uma arma letal quando conduzidos com imprudência. E como abordado no tema anterior, todo operador de empilhadeira assim como seus superiores diretos, podem responder civil e criminalmente por todo acidente fatal ou não que possivelmente venha a acontecer.

Sendo assim, o principal meio de evitar este tipo de acidente, começa com a contratação de um operador treinado e habilitado para este serviço assim como também, com a implantação e monitoramento de ferramentas que garantam a perfeita atuação e supervisão dos profissionais desta área de movimentação da cargas.

Fora isso, segue abaixo algumas dicas básicas –fundamentais que todo bom operador deve ter na ponta da língua quando questionado por um supervisor ou auditor.

1 – Antes de iniciar o trabalho com uma empilhadeira, faça o check list da mesma e certifique-se que ela está ok para o trabalho. Nunca inicie seu trabalho se perceber alguma irregularidade no funcionamento, ou se faltar algum item de segurança, como o cinto de segurança, iluminação, buzina, extintor etc. Um ponto fundamental e que quase ninguém se atenta, é que o operador saiba qual a capacidade da empilhadeira e também, que entenda complemente a tabela de capacidade x centro de gravidade de cada equipamento. Muitos tombamentos acontecem porque operadores desobedecem as informações desta tabela, e sobrecarregam o equipamento com cargas que vão além de sua capacidade.

2 – Assim como os automóveis, nunca inicie seu trabalho sem estar com o cinto de segurança atado ao corpo, ele garantirá a sua integridade física em caso de choque, colisão ou tombamento. Existe dois tipos de cinto. O regulável e o retrátil. Se a empilhadeira que você estiver operando tiver o cinto regulável pela ação do operador, certifique-se de que o mesmo esteja bem ajustável ao seu corpo. Nunca deixe o mesmo folgado demais, pois em uma colisão, choque ou tombamento, o cinto não irá segurar seu corpo com eficiência no cockpit do equipamento. O cinto retrátil, é auto ajustável, e seu travamento é automático caso exista um impacto ou desnível brusco da empilhadeira. Este é o mais viável a ser utilizado. 3 – Nunca transite com cargas elevadas, exceto em curto trajeto, apenas para retirar ou colocar as mesmas em estoques elevados.

4 – Nunca transite em alta velocidade em retas e principalmente em curvas, quer esteja a empilhadeira com carga ou sem carga nos garfos. Por não possuir sistema de suspensão, a empilhadeira torna-se instável em curvas realizadas em alta velocidade.

5 – Nunca pratique duas ou mais operações ao mesmo tempo, se estiver descarregando um caminhão por exemplo, primeiro aproxime a empilhadeira da guarda do caminhão, eleve os garfos, pegue a carga, incline a torre para trás garantindo estabilidade do centro de carga, dê marcha ré, abaixe os garfos até aproximadamente 50mm do chão e transite com a empilhadeira até o local de estocagem. Um erro que vejo constantemente, é operadores de expedição fazerem duas ou mais operações ao mesmo tempo afim de ganharem tempo, pois segundo eles, o tempo para liberar o caminhão é crucial para o cumprimento do cronograma.

Muitos se aproximam do caminhão já erguendo os garfos e inclinando a torre para frente ou para trás, sendo que para descarregar fazem a mesma coisa agravando ainda mais a situação. O problema é que o centro de gravidade da empilhadeira não é o mesmo quando a mesma está parada com a carga e andando com a carga. Neste caso, o tempo “ganho” pode se tornar um atraso na liberação do caminhão por queda da carga, sem contar o prejuízo caso a empilhadeira tombe por imprudência do operador.

6- Atente-se ao terreno que você irá trabalhar. Desníveis, freadas bruscas para desviar de buracos e alta velocidade quando aliadas, são uma ótima receita para um belo tombamento. 7 – Ao subir uma rampa com a empilhadeira carregada, sempre suba com a carga posicionada no sentido da rampa, se por um acaso a carga obstruir sua visão, só realize esta ação com a ajuda de mais alguém que te auxilie na manobra. Geralmente a maior parte das empresas, estipulam a altura máxima de materiais a serem transportados, (transporte de caixas por exemplo) justamente para não obstruir a visão do operador no transporte e empilhamento dos materiais. Para descer uma rampa com a empilhadeira carregada, sempre desça em marcha ré, pois em caso de precisar frear bruscamente, você não correrá o risco de perder o centro de gravidade da empilhadeira e ou, o centro de carga daquilo que está sendo transportado, podendo empinar a empilhadeira no sentido da carga e também lança-la na direção de algum pedestre que possivelmente venha a estar na frente dela.

8 – Mesmo sabendo destas dicas, é impossível garantir que a empilhadeira não vá tombar, pois ainda existe o fator “Ser Humano” na questão. Pessoas estão sujeitas a perder a concentração naquilo que estão fazendo quando submetidas a problemas pessoais ou de qualquer outra natureza. E é neste momento que o responsável direto por este colaborador deve interagir com ele identificando seu estado emocional, pois o contato diário com os colaboradores, dá ao líder, encarregado ou supervisor, uma noção clara sobre a forma como cada um interage no meio de trabalho. Uma das maneiras de identificar isso, é iniciar um bate papo direto com as pessoas que participarão do DDS. Caso perceba alguma mudança no comportamento de um funcionário, chame-o numa sala e tente entender o que está acontecendo. Ajude-o no que puder, se achar viável dispense-o do trabalho no dia em questão, pois é mais fácil ficar sem um funcionário por um dia e evitar um possível acidente, do que arriscar e se arrepender posteriormente.

Caso você se envolva num tombamento por qualquer que seja o motivo, nunca tente pular da empilhadeira antes que a mesma tombe por completo. Neste caso o uso do cinto de segurança será seu principal aliado te mantendo dentro do cockpit, que é o lugar mais seguro para se estar nestas condições.

Quando perceber que a empilhadeira começará a tombar, aproxime seu corpo ao máximo do volante mantendo-se apoiado no sentido contrário do tombamento, e segure-o o mais firme que puder. Apoie seus pés ao lado dos pedais ( Pé direito ao lado do pedal de acelerador/frente – Pé esquerdo ao lado do pedal de freio/aproximação/ré conforme modelo da empilhadeira) e acompanhe o tombamento sem colocar partes do seu corpo fora do cockpit do equipamento.

Isso não garantirá que você não se machuque, mas com certeza irá diminuir e muito o risco de você morrer pelo efeito ratoeira.

Depois que aconteceu não adianta chorar e nem se lamentar. Se aconteceu é porque houve falhas no decorrer do processo ou em como o mesmo foi planejado para ser executado. Cabe ao Técnico de Segurança e gestores, identificar o que houve, criar procedimentos, e punir os responsáveis caso exista atos de imprudência na causa raiz do acidente. Para que haja punição, primeiro tem que existir informação. Pois errar sem saber é uma coisa, errar sabendo que é errado, é assumir o erro por opção própria. Preserve a vida com a execução diária de atos seguros.

Link de tombamento por transitar com carga suspensa + piso irregular:

https://www.youtube.com/watch?v=e-8fKqqJYv4

Abraço a todos.

Esse conteúdo foi gentilmente cedido pelo nosso colunista Christian Cleber, da RIP Serviços Industriais Ltda – Movimentação.